Qual é a relação entre alimentação e saúde?

em Blog Le Verde

 

 

Compreender qual a importância da saúde alimentar é o primeiro passo para entender o quanto as mudanças alimentares são importantes em nossa rotina. 

O Instituto Nacional do Câncer (INCA) alerta que a concentração de gordura corporal causa mudanças hormonais e um estado inflamatório crônico que contribui para a proliferação celular desenfreada e inibe a apoptose (morte programada das células)

Diante desse cenário, a gordura ajuda na formação e progressão de vários tipos de câncer. 

  • Esôfago;
  • Estômago;
  • Pâncreas;
  • Vesícula biliar;
  • Fígado;
  • Intestino (cólon e reto);
  • Rins;
  • Mama;
  • Ovário;
  • Endométrio;
  • Próstata;
  • Boca/faringe/laringe;
  • Meningioma;
  • Tireoide;
  • Mieloma múltiplo.

Já o levantamento A Epidemia de Obesidade e as DCNT – Causas, custos e sobrecarga no SUS, conduzido por uma equipe formada por 17 pesquisadores de diversas universidades do Brasil e uma do Chile, mostra que em 2030, 68% dos brasileiros poderão estar com excesso de peso. Para não ter graves problemas de saúde, é essencial mudar a alimentação para opções cada vez mais saudáveis.

Como a alimentação influencia na saúde? 

A partir de agora, mostraremos de que forma a alimentação e saúde estão relacionadas, destacando doenças que impactam à saúde física e mental. Confira! 

Saúde do coração 

Um levantamento de pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), do Hospital Alberto Urquiza Wanderley e da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), identificou um aumento de 132% no número de mortes por doenças cardiovasculares no Brasil durante a pandemia causada pelo novo coronavírus. 

A pesquisa concentrou a avaliação em alguns dos municípios mais afetados pelo Covid-19 no início da crise sanitária. No total, foram escolhidas seis capitais: 

Manaus (AM), Belém (PA), Rio de Janeiro (RJ), São Paulo (SP), Recife (PE) e Fortaleza (CE).

Uma análise entre março e maio de 2019 e a mesma época de 2020 mostra que o número de óbitos por doenças cardiovasculares não nomeadas, infartos e AVCs (Acidentes Vasculares Cerebrais) cresceram em 132% em Manaus, 126% em Belém, 87% em Fortaleza, 71% em Recife, 38% no Rio de Janeiro e 31% em São Paulo.

Um relatório anual GBD (Global Burden of Desease), divulgado pela revista científica The Lancet, já havia destacado que as enfermidades que afetam o coração estavam nas primeiras posições de mortes em todo o mundo. Para se ter uma ideia, em 2019, a hipertensão foi a doença que mais atingiu a população, causando 10,8 milhões de óbitos. 

Um dos problemas que mais afeta a saúde do coração é o consumo exagerado de vários grupos de alimentos.

  • Gordura de origem animal;
  • Frituras;
  • Alimentos industrializados feitos com gorduras trans;
  • Carboidratos refinados.

O grupo mencionado acima contribui para a concentração de placas de gordura nas artérias, impedindo o percurso do sangue e, como consequência, aumentando as chances de um indivíduo sofrer com infartos e AVC, por exemplo. 

O Departamento de Nutrição da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (SOCESP) listou alguns alimentos que são considerados essenciais para a saúde do coração.

  • Feijão:rico em proteínas, carboidratos, complexos e fibras solúveis e insolúveis. Ele ajuda a manter uma microbiota saudável e contribui para a diminuição na absorção de gorduras e colesterol dietético. O feijão ainda concentra uma boa quantidade de ferro, potássio e magnésio – minerais muito importantes na prevenção da hipertensão arterial. O lado positivo é que todos os benefícios estão presentes em qualquer tipo de feijão; 
  • Farelo de aveia:cereal integral com alta concentração de fibras, que auxiliam na regularização do intestino. O alimento ainda contém beta-glucana. Trata-se de uma fibra que está relacionada ao aumento da saciedade e a redução do colesterol. O consumo ideal do alimento é de 30 gramas ou 2 colheres de sopa, por dia. Ele pode ser adicionado em misturas com iogurtes, frutas, sopas, vitaminas; 
  • Castanhas: as castanhas são uma ótima fonte de gorduras, proteínas e fibras alimentares, que são essenciais para a saúde do coração. Ela contém também o popular ômega-3, que ajuda no controle da pressão arterial, além de auxiliar positivamente em condições clínicas como Alzheimer, esclerose múltipla e depressão. 

Saúde mental 

Um estudo publicado pela Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) com outras seis universidades informa que “sentimentos frequentes de tristeza e depressão afetam 40% da população adulta brasileira, e sensação frequente de ansiedade e nervosismo foi relatada por mais de 50% das pessoas”.

Já um levantamento de 2017 da Organização Mundial da Saúde (OMS) destaca o Brasil como o país com maior alta de transtornos de ansiedade nas Américas. Naquele período, a condição atingia 9,3% da população, o que corresponde a 18,6 milhões de pessoas. 

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), acredita-se que mais de 300 milhões de pessoas lidam com a depressão em todo o mundo. Um estudo de 2017 no Journal of Affective Disorders identificou que essa condição pode apresentar 52 sinais diferentes. Veja abaixo quais são os mais comuns.

  • Humor deprimido pode incluir sentimentos de tristeza, vazio e desesperança;
  • Perda de interesse em atividades usuais;
  • Baixa ou nenhuma libido ou interesse em sexo;
  • Sentimentos de inutilidade;
  • Perda de peso involuntária e perda de apetite;
  • Distúrbios do sono;
  • Fadiga;
  • Dificuldade de concentração;

Um crescente corpo de evidências mostra que o consumo de alimentos ultraprocessados ​​(AUP) está associado a um maior risco de doenças cardiometabólicas, que, por sua vez, têm sido associadas à depressão. 

O lado positivo é que apenas algumas mudanças de atitudes no dia a dia, como a alteração na alimentação, podem trazer resultados positivos para os problemas mencionados acima. 

“As doenças psiquiátricas, como a depressão e a esquizofrenia, não são muito diferentes da diabetes se olharmos as mudanças que ocorrem no organismo a um nível molecular. As pessoas com diabetes e com depressão se encontram em um estado de inflamação sistêmica leve, mas crônica”, destaca o professor de psiquiatria e psicologia médica da Universidade de Valência e membro do comitê executivo da Sociedade Internacional para a Pesquisa em Psiquiatria Nutricional Vicent Balanzá. 

O especialista ainda explica a relação da alimentação com as doenças. 

“Assumindo isso, as intervenções com dieta e nutrição podem ser eficazes para corrigir a inflamação também nas doenças psiquiátricas e, em geral, para melhorar o prognóstico das pessoas que as sofrem. No final das contas, a divisão entre cérebro-mente e corpo não tem fundamento científico”, acrescenta o também pesquisador do Centro de Pesquisa Biomédica em Rede de Saúde Mental, em conteúdo publicado pela Associação Brasileira de Nutrição (Asbran). 

Portanto, para lidar com a saúde mental da melhor forma, é essencial escolher alimentos com mais qualidade. Uma dieta concentrada em verduras, frutas, grãos sem processar, peixes e mariscos, que contêm poucas quantidades de carnes magras e laticínios, diminui as chances de depressão entre 25% a 35%, de acordo com o especialista. 

Já a falta de hidratação com água, o consumo de álcool e cafeína, a ingestão de alimentos com açúcar em excesso e o simples ato de fumar são considerados os vilões da saúde mental, trazendo crises de ansiedade e até ataques de pânico. Por isso, evite esses alimentos não saudáveis para ter uma rotina com mais qualidade de vida. 

 

Câncer de mama 

De acordo com INCA o câncer de mama é o mais diagnosticado entre as mulheres no mundo. Em 2020, foram cerca de 2,3 milhões de casos novos, o que é equivalente a 24,5% dos casos novos por câncer em mulheres. O INCA também destaca que esse tipo de câncer é o que causa mais mortes entre as mulheres, com 684.996 óbitos estimados, em 2020. 

O INCA informa que frutas, legumes, verduras, cereais integrais, feijões e outros leguminosas, sementes e nozes são ótimos recursos de defesa contra o câncer, garantindo mais proteção para o corpo e auxiliando o intestino a funcionar corretamente. O segredo é buscar uma variação desses alimentos para que eles estejam sempre no cardápio. 

Esse grupo de alimentos impede que compostos cancerígenos alcancem as células e ainda ajusta o DNA atingido quando o ‘ataque’ já começou. Se a célula foi modificada e não for possível reparar o DNA, certos compostos contribuem para a sua morte, bloqueando a multiplicação desordenada.

O mais indicado é adicionar regularmente nas refeições os seguintes alimentos.

  • Frutas;
  • Legumes;
  • Verduras;
  • Feijões;
  • Cereais integrais;
  • Sementes;

No total, deve-se acrescentar, no mínimo, cinco porções (400 gramas) de frutas, legumes e verduras todos os dias. 

Em nosso país, há uma variedade de frutas, legumes e verduras, que estão presentes em diversas regiões do Brasil. São ótimas alternativas que podem estar no almoço e jantar, lanches e sobremesas. É possível ainda combiná-las com outros pratos. 

Outros alimentos também contribuem para a prevenção de câncer, como: nozes, avelãs, castanhas, castanhas-de-caju, castanhas-do-pará, macadâmias, pistaches e amêndoas. Na lista, também é possível adicionar sementes, como girassol, abóbora, gergelim, amendoim e amêndoa de baru. 

Nunca é demais lembrar o quanto é importante dar preferência para alimentos orgânicos e agroecológicos. Eles são mais saudáveis e ajudam na preservação do meio ambiente. 

Para ter uma boa relação entre alimentação e saúde, recomenda-se buscar auxílio de um profissional, como o nutricionista. Ele é o especialista mais indicado para criar uma dieta que esteja relacionada ao seu estilo de vida e às suas necessidades. 

Como comer bem, mesmo sem ter muito tempo? 

Após descobrir qual é a relação entre alimentação e saúde, provavelmente, está se perguntando: “mas não tenho tempo de ter uma rotina saudável, o que eu faço?”.  

Bem, veja abaixo algumas orientações para mudar os seus hábitos, sem grandes sacrifícios. 

  • Evite ficar longos períodos sem se alimentar. O mais indicado é comer a cada 3 ou 4 horas. Se tiver dificuldade de lembrar dessa recomendação, adicione um lembrete em seu celular;
  • Leve um lanche saudável para o trabalho. Assim, não será necessário sair do escritório para comprar comida;
  • Consuma os cafezinhos com moderação durante o expediente. O excesso pode engordar; 
  • Dê preferência para restaurantes que oferecem comidas naturais, leves e saudáveis (sanduíches naturais, saladas montadas e carnes grelhadas). 

Percebeu os impactos que a alimentação e saúde podem trazer para a sua rotina? Em um primeiro momento, ter uma rotina saudável é até complicado, mas, aos poucos, perceberá que as mudanças de hábito ocorreram de forma natural em sua vida. 

E, antes de finalizar este artigo, vale uma dica de ouro: além de mudar a alimentação, é importante fazer um Check up anual para identificar as suas condições de saúde e diagnósticos precoces de doenças.